quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A pessoa que espantava amores.




Certa vez, um jovem habitante deste planeta, já cansado de tantas decepções afetivas e desacreditado da real existência do famoso sentimento conhecido pelo nome amor, resolveu, em um momento de reflexão na varanda de sua humilde residência, se revoltar com o universo. Sem saber o porquê de tamanha falta de sucesso em sua vida afetiva, resolveu descarregar diversos questionamentos ao tempo, na esperança de que algum ser divino e inexistente o respondesse e lhe entregasse a fórmula mágica para a tão esperada história de amor. Algumas horas se passaram. O único som que havia escutado era o gorjear de uma ave nativa da área em que morava. A preguiça bateu, aquele jovem revolto caiu em um sono profundo e, sem saber que se tratava de um sonho, se viu em um lugar escuro, onde nada podia enxergar.  Sem nada entender, ouviu uma voz que o chamava pelo nome. Assustado, logo berrou indagando:

- Quem é que está ai? Como sabe meu nome? Onde eu estou?
- Acalme-se. Não se espante. – Respondeu a voz.


Uma luz acendeu. A misteriosa voz havia se personificado. Tratava-se de um homem alto, de cabelos grisalhos e idade avançada. Vestido com uma roupa branca, cuja intensidade podia ser comparada com a de uma bola de neve, tratou de cumprimentar o moço que ali estava. Ao perceber a expressão de assustado formada na face daquele jovem, resolveu prosseguir com o assunto.

- Vejo que está assustado e gostaria de me apresentar. Sou alguém que foi encarregado de lhe mostrar todas as respostas para os questionamentos levantados por você nesta manhã. Venha comigo.
- Mas senhor – disse o jovem – Para onde estamos indo?
- Acalme-se. Não me questione e apenas me siga.

Sem nada entender, obedeceu às ordens daquele misterioso ser e o seguiu. Após alguns minutos de caminhada, percebeu que estava em um lugar alto, cuja vista era para um aglomerado de pessoas que, a principio, pareciam exercer atividades normais para o cotidiano da humanidade. Entretanto, era daquela imagem, que sairiam todas as respostas almejadas pelo visitante daquele lugar.

- Pois bem – Disse o ancião – está vendo aquele grupo de pessoas ali em baixo?
- Claro. Vejo perfeitamente. – respondeu
- Consegue notar alguma diferença entre elas? – indagou o ancião.
- Não. São todas normais, sem diferença alguma. – Respondeu.
- Pois é. Agora vamos analisá-las por outra ótica. Outra situação.

A tela rapidamente mudou, e a visão agora era outra. Um grande campo cuja recepção era formada por um arco gigantesco onde estava escrito a frase “Campo da vida humana”. Algo repleto das mais variadas situações. Assustador e, ao mesmo tempo, encantador. Um grupo de pessoas separadas em uma parte onde rosas e flores eram abundantes. Sentimentos como alegria e amor parecia reinar absolutamente.  Outras, em uma zona mista. Um lugar onde o verde tentava sobressair, mas era apagado pelo seco que insistia em se fazer presente. Já outro grupo, separado em um lugar distante, onde a tristeza parecia imperar sem problema algum.
Percebendo o ar de espanto, seguido por uma expressão de quem não estava a entender absolutamente nada, o ancião resolveu prosseguir com a explicação.

- Pois bem. E agora, consegue enxergar alguma diferença entre elas? Indagou o guia.

- Claro. Alguns estão em uma área repleta de coisas boas. E outros não. – Respondeu o jovem, com um ar de extrema confusão.

- Exatamente. Repare bem as características dos habitantes da parte florida do campo. Os que estão aqui são pessoas que descobriram uma dádiva da vida humana. A chave para o sucesso em todos os aspectos. Um sentimento nobre, de suma importância, conhecido por muitos, porém praticado por poucos: O amor próprio. Estas têm consigo um brilho sem igual. Por esse motivo, atraem pessoas que de alguma forma as acrescente algo de bom. São repletas de uma arma poderosa conhecida como autoconfiança. Estão sempre certas de tudo o que fazem e são. Sabem o valor que têm e não deixam que nada, muito menos alguém, as rebaixe a um valor menor e conseqüentemente, alcançam a tão esperada história de amor.

Percebendo o fascínio expresso no rosto de seu aprendiz, prosseguiu com a explicação.

- As que estão na parte mista do campo, são aquelas que sabem o que as aguardam se decidirem encerrar o vínculo com o momento que passou e não pertencem mais a elas. Contudo, preferem insistir em naquilo que já deveria está declarado como página virada e por isso não conseguem avançar até a zona da felicidade. Perdendo, assim, toda a magia e magnitude do que deveria estar sendo vivido.

Ao perceber a expressão de quem ia perguntar sobre a última parte do campo, o ancião continuou com a sua mensagem.

- Por último temos as pessoas cuja capacidade de superar instantes ruins não foi desenvolvida por completo. Este tipo de ser humano é marcado pela ausência de todas as características observadas no primeiro grupo que têm amor próprio. Não se valorizam. Passam o dia inteiro lamentando sua sorte amorosa e analisamos. Não dizendo que nasceram para ficar sozinhas. É o tipo de pessoa que não sabe se dá o devido valor e, conseqüentemente, nada de bom consegue atrair para si. São esquecidos pelo mundo, e nada conseguem alcançar. Sem perceber que a culpa não de ninguém mais além deles, joga a culpa no destino, que nada tem a ver com essa triste realidade.
Portanto meu nobre jovem. A resposta para a sua pergunta é apenas uma:

Aquele que não conhece o amor próprio e não pratica a  autoconfiança terá sua vida marcada pelo amargo sabor da solidão. Só é contemplado com o privilégio de amar alguém aquele que ama,  em primeiro lugar, a si mesmo.


COMPLETAMENTE FASCINADO com o que acabará de descobrir, o jovem foi mandado de volta a terra, acordando na varanda de sua casa. Ainda sem acreditar em tudo o que tinha acontecido, aprendeu, a partir daquele momento, que só consegue construir uma história de amor aquele que possui altas reservas de amor próprio, além do liquido responsável pela extinção da praga chamada insegurança.
Após aquela mensagem, tratou de mudar as suas atitudes e, por conseqüência, alcançar tudo aquilo que até então não passava de um sonho sem chance alguma de realização.


Texto de:
Marcelo Mastra



Um comentário:

  1. Já te disse que vc irrita às vezes??? rsrsrs
    Mais uma vez te parabenizo pelos textos...

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