quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Jardim da Vivência Humana.




    





    Certo dia um senhor de idade, questionador mor de todas as diferenças e mazelas existentes nesta insana jornada chamada vida, resolveu indagar a respeito do sucesso em seus mais amplos aspectos. Até aquele momento ainda não havia alcançado resposta para uma pergunta: Porque algo tão nobre era acessível apenas a tão poucas pessoas. Após uma incessante batalha entre os lados emotivo e racional, o ancião foi acometido por uma espécie de arrebatamento e quando deu por si, estava diante de uma imensa porta de ferro com os seguintes dizeres: O Jardim da Vida Humana. Sem saber do que se tratava aquela fortaleza desconhecida, resolveu se aproximar do portão. Quando pensou em bater ouviu uma voz que o chamava para entrar. Tomado por certo medo, atendeu ao convite. Os portões se abriram, o Sr. Entrou  e foi recebido por um homem muito bem vestido, porém sem identificação alguma. Assustado, perguntou ao misterioso ser que havia lhe recebido se sua participação na terra havia chegado ao fim e se aquele era o tão falado e famoso céu. Com um ar de ironia, o guardião da localidade disse que não, dizendo apenas que aquele era o lugar onde iria encontrar as informações necessárias para responder as perguntas que havia feito
    Após uma longa caminhada percebeu que haviam alcançado um alto lugar cuja paisagem avistada dali parecia uma espécie de loteamento com espaços igualmente demarcados. Muito curioso, logo perguntou aonde é que estava e o que havia lá em baixo. Com um sorriso estampado no rosto o guardião falou que se tratava de um jardim e que cada canteiro existente ali representava a vivência de um ser humano. Depois de responder ao questionamento do ancião, pediu que não se preocupasse, pois eles já estariam por ali e tudo ficaria mais claro.
  Ao chegarem ao nível baixo daquela localidade, o guardião começou a explicar que cada ambiente projetado representava uma vida terrestre e que ali era cultivado apenas o que fosse da vontade do responsável por aquele espaço. Encantado com o que estava aprendendo, o ancião percebeu uma enorme diferença entre os canteiros. Alguns possuíam mais flores, outros menos. Certos lugares estavam cercados de borboletas e pássaros exóticos, enquanto outros tinham ao seu redor apenas insetos asquerosos. Sem entender o porquê do que havia percebido, resolveu indagar:  “Senhor Guardião, estava reparando e pude perceber que existe uma grande diferença entre um canteiro e outro. Por quê?”. Calmamente o guardião respondeu que tal fato era culpa da habilidade para cultivo, abundantemente presente em uns e escassas em outros. Para melhorar a compreensão, tomou três exemplos.  Escolhido todos eles, apontou para o primeiro dizendo:

- Olhe bem para aquele espaço. Veja que há quem cuide do seu jardim com um veneno disfarçado de remédio e que tem sua composição a base do ódio, mágoa, e inúmeros outros sentimentos ruins. Estes terão em seus redutos apenas plantas murchas, sem brilho e beleza alguma, atraindo para si toda sorte de insetos e animais indesejados, além de provar o amargo sabor do insucesso, em todos os aspectos, pois é impossível colher alegria e felicidade, quando se semeia o ódio e a tristeza.

Ao perceber a compreensão de seu aprendiz, o guardião partiu para o segundo exemplo.

- Olhe para o nosso segundo exemplo. Perceba que outros tratam seus respectivos espaços à base de uma mistura composta por lembranças desgastadas, momentos ultrapassados, além de inúmeras outras substâncias maléficas, presentes pelo simples fato deste ser humano  não aceitar que tais ciclos chegaram ao fim. Estas conseguem semear, contudo, perdem o que começou a ser conquistado, pois, por estarem sempre ocupadas com questões passadas, se esquecem do momento que está sendo vivido. Não praticam os cuidados necessários para que o projeto iniciado seja bem sucedido e, quando caem na real, tudo o que começou a ser plantado já está morto e nada mais pode ser feito. Pessoas como as em questão, dificilmente prosseguirão. Ficarão presas onde estão e deixarão de aproveitar tudo o que a vida tem para proporcionar por culpa da ignorante decisão de permanecer em um momento que não lhes pertence mais.

Prosseguindo com sua mensagem, continuou dizendo:

- Agora observe nosso terceiro exemplo. Ele prova que existe, ainda, aquele ser humano mais esperto que se sai melhor no quesito jardinagem. Este, não tem nada de anormal, apenas aprendeu a encerrar as coisas em seus devidos momentos, levar para o presente somente o que foi bom, na condição de lembrança, e a tirar dos tropeços dados anteriormente o aprendizado necessário para que o mesmo não ocorra novamente. Este mantém todo o seu plantio a base de um precioso liquido que tem em sua essência coisas básicas como alegria, felicidade e otimismo. Para aumentar a fertilidade do solo, utiliza um produto mágico e acessível a todos, fruto da convivência com uma das coisas mais importantes na vida de qualquer individuo e atende pelo nome de família. Não perde parte alguma do processo de plantio e está sempre atento e sorridente. Esta pessoa tem o prazer de ver em seu jardim o nascer de plantas fortes e cheias de vida, através das quais flores brotam constantemente. Seu canteiro chama a atenção naturalmente, atraindo involuntariamente os melhores pássaros, borboletas, além da atenção de quem passa, alcançando assim o sucesso em todos os sentidos de sua vida. Tudo isso por ter a simples habilidade de encerrar e iniciar ciclos em seus devidos instantes.
   
  Atordoado coma magnitude das informações adquiridas, o ancião não tinha palavras para descrever a magia do que tinha aprendido, quando o guardião virou para ele e disse:

 - Portanto meu nobre vivente, a resposta para o seu questionamento é apenas uma: Difícil não é ter um local repleto de orquídeas sim achar quem realmente esteja preparado para cultivá-las. Tal informação é mais do que nítida no seu mundo. O único problema é a população, que insiste em fingir que não enxerga.

    Após ouvir tudo aquilo o ancião retornou a terra, acordando na varanda de sua casa. A partir daquele momento, teve a certeza de que o sucesso não é algo que se compra, muito menos se adquire com a sorte. Trata-se de algo acessível a qualquer ser humano que esteja disposto a mudar suas sementes para colher frutos diferentes.



Marcelo Mastra





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